domingo, 23 de agosto de 2020

Mais um Passo na Reflexão do livro da Filoteia

  

“Nem sempre podemos oferecer a Deus grandes coisas, mas,

em todo instante podemos oferecer-lhe

pequenas coisas com grande amor.”

Santa Joana F. Chantal

Estamos já no mês de agosto, em que celebramos nossos intercessores: Santa Joana de Chantal no dia 12 e no dia 21 o nascimento de SFS.  A amizade espiritual de Francisco e de Joana os ajudou a desenvolver mutuamente as melhores qualidades de um ser humano: um amor total a Deus e ao serviço a seu povo. Todos os santos nos mostram o caminho de santidade. Eles foram ontem o que nós somos hoje. Mas, a Santidade é uma escolha, porque Deus nos dá a liberdade e capacidade da escolha.  Foi através da Santa Joana que nasceu o livro da Filoteia.

 

 Na primeira parte do Livro da Filoteia, São Francisco de Sales, nos Capítulos de IX ao XIII ele diz: “1 Põe-te na presença de Deus. 2 Pede a Deus que te inspire. Nestes Capítulos ele orienta como caminho da Santidade, a necessidade de começar pela purificação da alma. Ex: “Para ter flores no campo, diz o Esposo Sagrado é preciso haver o tempo das podas.” Que flores são essas para nós? As flores são os bons desejos, mas precisam de cuidado, e de purificação de tudo que é supérfluo e das “obras mortas” (pecados).

Assim, nestes capítulos toda fala traz presente o seguinte:  O ser humano e seu Criador (Deus), a finalidade da missão, a mão de Deus e sua Fidelidade, a nossa infidelidade e  ingratidão a Deus; a   gratidão  pelo amor de Deus (os afetos e resoluções). Fala da confissão, do Juízo, do céu e do inferno.  Como todo livro, são orientações minuciosas e profundas, todas perpassadas pela Palavra de Deus.

 Conforme o Salmo: “Que coisa é o Homem, para dele lembrares, o filho do homem para o visitares? No entanto, o fizeste só um pouco menor que um deus de glória, e de honra o coroaste.” (Sl 8,5-6) E em Efésios: “não entristeçais o Espírito Santo de Deus, com o qual fostes selados para o dia da redenção. Toda amargura, cólera, ira, gritaria e blasfêmia sejam eliminadas do meio de vós, bem como toda a maldade.”  (Ef 4, 30-31) para isso, SFS nos encoraja: “Não desanime por causa de suas imperfeições, causa das dificuldades da vida. Levante-se sempre com nova coragem, e recomeçar cada dia novamente.” Lembremos o que diz outro salmo:Senhor, tua bondade dura para sempre, não abandonas a obra de tuas mãos.” (Sl 137,8)

São Francisco de Sales  também reza: “Eu vos  bendigo, meu Deus , aceitando esta dádiva que vos aprove fazer-me. Ó Jesus, meu  Salvador, aceito com todo  reconhecimento de que sou capaz  a honra e graça que me fazeis ,de querer amar-me Eternamente...”( pág. 80)  

Devemos dar atenção a viver o essencial e descobrir, redescobrir um pouco mais, o grande amor de Deus para conosco, que se revelou no sofrimento e na morte de Jesus Cristo.  A Paixão de Jesus Cristo é o melhor meio para levar as almas à conversão, até mesmo as mais empedernidas.” (São João da Cruz)

Nestas Orientações, é bom fazer uma parada, e fazer um check-up para ver como podemos progredir no cominho da Santidade. 

Até a próxima.

Iria


domingo, 16 de agosto de 2020

Filoteia , ou Vida Devota - o que é

 

Livro: Filoteia ou Vida Devota

“Não desanime por causa de suas imperfeições e

 das dificuldades da vida. Levante-se sempre com nova coragem.” sfs

Depois de varias reflexões sobre a vida de oração do livro Filoteia, hoje vamos refletir um pouco sobre a expressão “Vida devota”. A vida devota a que São Francisco de Sales se refere não são as devoções populares ou aos Santos, veja como ele fala:

“A verdadeira  devoção - Filoteia,  pressupõe o amor a Deus, ou melhor, ela mesma é o mais perfeito amor a Deus. Esse Amor chama-se Graça...- Se nos dá  força e vigor para praticar o bem,  assume o nome de caridade.” ( Parte I pg 29) “Numa palavra, devoção não é nada mais do que uma agilidade e viveza espiritual da qual a caridade opera em nós. E a devoção consiste essencialmente num amor acendrado[i]...” (pg 30)

São Francisco de Sales, nos seus escritos usa muitas metáforas, alegorias e comparações de modo natural, com coisas da natureza,  para  melhor compreendermos a espiritualidade aplicada no cotidiano.

“A devoção é útil a todos os estados e circunstâncias da vida. - A  verdadeira devoção nada destrói, ao contrário, ela tudo aperfeiçoa. Uma comparação de Aristóteles: a abelha tira o mel das flores sem machucar e as deixa intactas e frescas como as achou; a devoção verdadeira ainda faz mais porque não só em nada estorva o cumprimento dos deveres dos  diversos estados e ocupações da vida, mas também os torna  mais meritosos  e lhe confere lindo ornamento.” (pg 36)

E mais: contempla a escada de Jacó, a qual é uma verdadeira imagem da vida devota. Os dois lados da escada representam: um lado a oração que suplica o amor a Deus e o outro, a recepção dos sacramentos que o confere. Os degraus são os diversos graus de caridade, pelos quais se sobe de virtude em virtude, ora abaixando-se até servir o próximo e suportar-lhe  as fraquezas, ora guiando o espirito pela contemplação, até à união  caritológica com Deus.” ( pg 34 )

 Os termos usados na Sagrada Escritura para caridade são os mesmos utilizados para Amor. Portanto, o fruto da caridade reflete uma vida que transborda amor. Um amor que tem sua fonte em Deus que é Amor (I Jo 4,8). O Evangelho nos diz: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles” (Mt 7,12). "A caridade verdadeira não considera nada inútil nem difícil no caminho ao próximo.” Sfs

“Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência.” (Cl 3,12). A Igreja ensina que a oração, somada à penitência e ao amor fraterno, é o alicerce para um caminho de santidade. Essa é a essência da “vida devota”: Amor e Caridade.

Na próxima, mais um passo no caminho de viver a Santidade.

Iria

 

 



[i] Acendrado = que se purificou; depurado, aperfeiçoado, acrisolado, apurado.

"o amor da fé"

 

domingo, 9 de agosto de 2020

Ramalhete espiritual da Meditação

 6°passo.

Reflexões do Livro Filotéia 

Para orar é preciso querer.

E não há outro caminho para a oração senão o próprio Cristo.

 

 O ramalhete espiritual da meditação é a essência da oração e a fidelidade nas virtudes e resoluções.  É igual a ir no jardim colher flores e por sobre a mesa e, de vez em quando, olhar e sentir o seu cheiro. É renovar os bons propósitos, e recorrer a ela várias vezes durante o dia, tantas vezes quanto necessário, para que a vida de oração não perca a graça por não ter raízes. Cada dia recomeçar.  (Filoteia - Parte II Cap. VII ss) É oportuno fazer um pouco de silêncio e recolher-se para conservar os bons pensamentos. E passar suavemente da oração para as outras ocupações e ao trabalho.

É bom ter caderno de anotações, ou um diário pode ser útil, anotar trechos bíblicos, também alguma inspiração que lhe tocaram mais profundamente, se sentir que Deus fala algo no teu íntimo, e não quer se esquecer das Suas palavras.  Desde o amanhecer até a hora de deitar, temos a oportunidade de cultivar a vida interior e dialogar com Jesus durante todo o nosso dia. “Convém  servir-se de todos os meios para os  pôr em prática; em todas as ocasiões, tanto pequenas como as grandes “.  ( Filotéia - Parte II Cap VIII)

 “Nós não podemos ser nem verdadeiramente humanos sem ter essa inclinação de amar a Deus mais que a nós mesmos, nem verdadeiramente cristãos, sem colocar esta inclinação em prática.” (SFS  TAD, Cap 10).      Quanto mais crescemos na união com Deus, tanto mais nos tornamos plenamente humanos”.

Santa Teresinha do Menino Jesus disse antes de morrer: “Passarei meu céu fazendo o bem na terra”.

 “Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”. (1Ts  5,17-18).

Para ter uma vida de oração é preciso, primeiramente, decidir-se por ela. E depois dessa resolução é preciso perseverança para manter-se fiel e se afastar das distrações que podem surgir. Pois, como nos alerta o Catecismo, a oração é também um combate.  “Esta comunhão de vida é sempre possível, porque: pelo Batismo, nos tornamos um só com Cristo. A oração é cristã na medida em que for comunhão com Cristo...”  (Catecismo, 2565)

Quanto mais nos aproximamos de Deus - quanto mais mergulhamos na vida de oração – maior é a nossa sede e busca pelas coisas do Alto. É nesse caminhar que seremos capazes de perceber a manifestação e o agir de Deus em nossa vida.

É a nossa resposta de itinerário que nos ajuda a praticar o que a Palavra nos orienta, aprender  um exercício onde o despertar brota de  dentro.

Boa experiência de Oração a todos!

Na próxima, falaremos sobre a  Devoção.

Iria

sábado, 1 de agosto de 2020

Propor-se ao mistério


Reflexões do Livro: Filoteia 
"Quando rezamos falamos com Deus, quando lemos é Deus que nos fala.” - S. Jerônimo  
"São Francisco de Sales tinha um dom sublime de encaminhar as almas à perfeição, era este, sobretudo seu dote particular. Neste livro precioso encontra-se a consolação que alivia tantos corações dilacerados e o conselho que encaminha tantas consciências".(Pe. Huguet S. M. - 1946)
Meditar a Palavra - ou a vida e acontecimentos de Jesus
 Uma meditação, uma oração mental, também é representação que consiste com pensamentos da fé e um olhar de espírito. Por exemplo: meditar sobre a crucificação de Jesus, ver as circunstâncias que o evangelista descreve; lugar, ações, palavras, pessoas, objetos, a grandeza de Deus, a excelência das virtudes.
 “Sejam praticantes da palavra e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos. Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho e, depois de olhar para si mesmo, sai e logo esquece a sua aparência. Mas o homem que observa atentamente a lei perfeita que traz a liberdade, e persevera na prática dessa lei, não esquecendo o que ouviu, mas praticando-o, será feliz naquilo que fizer.” (São Tiago 1:22-25)
“Há muitas definições da oração. A mais frequente é a chamada colóquio, conversação, entretenimento com Deus.  Ao conversarmos com alguém, não somente falamos, mas também escutamos. A oração por conseguinte é também uma escuta. Ela consiste em pôr-se à escuta da voz interior da graça”. (São João Paulo II)
“... A meditação é capaz de levar a nossa vontade a Deus e de afeiçoá-la a coisas divinas. Esta é a diferença entre a meditação e o estudo; porque o fim do estudo é a ciência, e a meditação é o Amor de Deus e a pratica das virtudes.” (Filoteia - Parte II, cap V) Uma viva meditação suscita na vontade inúmeras moções boas e santas; de amar a Deus e ao próximo, o zelo pela salvação das almas, o ardor de imitar Jesus Cristo.  E mais, SFS diz: “Entretanto, Filoteia, não te deves restringir só a afetos, sem que faças resoluções para aperfeiçoamento de tuas ações... e aí tens um verdadeiro meio para corrigir as  faltas e pecados”.
Terminar a meditação com profunda humildade e confiança.  Um agradecimento a Deus por ser misericordioso e a experiência do seu amor. E a inspiração dos bons propósitos. E assim, pedir a graça de cumpri-los com zelo. Oferecer orações pelos irmãos, por intercessão de Nossa Senhora, mãe de Deus e da santa igreja.
 É bom levar em conta as distrações, combatê-las na oração. Santo Agostinho se refere a três desatenções: a Palavra, o sentido, a presença. Às vezes nem prestamos atenção nas palavras; se nem nas palavras prestamos atenção (que é o primeiro nível), então estamos numa distração total.  Se conseguimos pensar no que se fala ou medita, é bom; mas aí tem o segundo nível: o de não dar o verdadeiro sentido às palavras (valor que significa...). Existe ainda o terceiro nível, o da presença - a presença de Deus, com a qual estamos dialogando ou meditando, é a pessoa de Jesus Cristo, ter consciência disso.
Bom preparo para oração que vais meditar! E, seguimos em frente, sempre em busca do crescimento e amadurecimento espiritual, nunca regredir na fé.
 Na próxima tem o 6º passo e o ramalhete espiritual.
Iria