Nosso Retiro foi enriquecido pelo texto da Santa Caridade, explanado pelo Pe. Nildo
As
inspirações de S. Francisco de Sales
No
livro TAD,
a vida vivida na simplicidade e unida
a Deus, ele a chama ”A Santa Caridade”.
Lá na
aldeia, onde os olhos da multidão não alcançam, encontrei uma simples senhora.
Ela
ama a Deus e, por amor a Ele, ama tudo o que existe, todo dia, a toda hora.
É uma
aldeia pequenina, envolvida pela beleza do campo, com as alegrias e os prantos
de um cotidiano sem alarmes. E a humilde senhora é assim também. Como ela nunca
vi ninguém.
De
longe se vê fumaça na chaminé, de perto se vê a ternura no seu olhar. É simples
e meiga no falar, rápida e nobre no agir. No fogão uma chaleira, no coração o
desejo de só amar.
Não
se esquece de pensar em Deus a cada quarto de hora. É tão tranqüila sua
devoção, valente sua fé. Sua imagem em mim demora, é igual a um retrato de como
ser o que Deus quer.
Ela
cuida de sua casa como se cuida de um palácio. Trata a cada um como se fosse um
rei. É delicada com as plantas, com os bichos que tem. Um pouco para quem
chega, sempre ela tem.
Pobre
e humilde, alegre e vivaz, de nada murmura, de ninguém desfaz. Cedo se levanta,
quando anoitece já vai deitar-se: sabe que Deus nunca a esquece, que Ele é amor
e serena paz.
Quando
reza parece uma só com o seu Senhor. Não dá para dizer se mais ama ou se mais é
amada. Sempre que a vi falar com Deus era como uma alma totalmente apaixonada.
Mira
a pequenina cruz que no quarto tem e parece estar cursando alguma ciência sem
par. É dali que ela me disse aprender o infinitivo infinito do verbo amar.
Toca
o sino da capela, de casa ela sai com um ramalhete de flores do seu jardim. E
põe no sacrário das mãos das crianças que encontra, deixando uma para a igreja,
de cor jasmim.
Ela
voa com os pés no chão às alturas do amor celeste para abraçar seu amado
amante. E se extasia de amor saindo de si mesma para unir-se a Ele onde Ele
quer estar, a cada instante.
Parece
uma escada os dias de sua vida. Ela aproveita todas as ocasiões para amar o seu
Senhor. Medita e contempla as palavras Dele como quem mastiga e sorve
esplêndido sabor.
Quando
a alma experimenta aquele amargo néctar da dor e da solidão, ela simplesmente O
ama, abandonando-se à sua bondade de um jeito que desconcerta e me inflama o
coração.
Uma
mulher santa da aldeia, uma de minhas boas amigas, de vida admirável e grande
mansidão. É dela que falo, foi ela que me impressionou com a profundidade de
sua devoção.
Eu
quero chamá-la de Caridade, porque seu amor é ativo, eficaz e fervoroso. É feito de obras,
cheias de doçura, como são os favos de mel no inverno rigoroso.
E
quero que sejas parecido com ela, que faças o mesmo caminho e tenhas a mesma
lida. Porque a vida da Santa Caridade, a humilde senhora da aldeia, foi o
grande sermão da minha vida.
(Tratar-se-ia da biografia que São Francisco de Sales escreveria sobre a senhora Pernette Boutey, deLa Roche-sur -Fioron. Ele
conheceu em uma de suas primeiras visitas como bispo. Tornou-se, onze anos
depois, o Tratado
do Amor de Deus. Escrevi esta vida nestas simples frases, inspirado
no que fala São Francisco de Sales em seu Tratado).
(Tratar-se-ia da biografia que São Francisco de Sales escreveria sobre a senhora Pernette Boutey, de
Pe. Nildo M. M. OSFS
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