sábado, 19 de setembro de 2020

CRUZ SALESIANA

Os Consagrados do ramo de São Francisco de Sales recebem uma Cruz no dia da consagração ou primeira profissão dos votos.

Exaltação da Santa Cruz, 14 de setembro

Nesta semana a Igreja celebrou a festa da Exaltação da Cruz

 


A CRUZ  SALESIANA

A Cruz Salesiana tem seu fundamento histórico e teológico.

A cruz é modelada segundo a cruz de profissão das Irmãs da Visitação de Santa Maria fundadas por SFS; que por sua vez tem a cruz  réplica da cruz peitoral do Bispo  São  Francisco de Sales.

Quem usa Cruz Salesiana? Irmãs da visitação (Fundada por SFS), a Congregação dos Oblatos de SFS, as Irmãs Oblatas e o nosso Instituto Secular SFS.

O simbolismo da Cruz:

A Cruz é dupla, uma sobre a outra. Significa a união da nossa cruz com a Cruz de Cristo. Tem duas coroas em cima. É a coroa de espinhos e a coroa da glória.  A Cruz é feita de material precioso, tanto na sua essência como na sua qualidade de herança.

Não tem a imagem de Cristo, não é crucifixo. Cada um que a recebe, deve ser o "corpus" para que ele possa "preencher as coisas que estão faltando na Paixão de Cristo", como diz São Paulo. Nada está faltando na Paixão de Cristo, mas oferecemos a nossa cooperação, a nossa generosa oferta de si mesmo. É nossa mística de união com o Divino Salvador.

A cruz é como um altar. A cruz do Calvário foi o grande altar onde Cristo foi oferecido em sacrifício. E como os altares, ela tem relíquias dos santos que nos auxiliam, com seu exemplo e intercessão, na imitação de Cristo.  Ela é oca, como o túmulo vazio da ressurreição. É leve, seguindo a exortação de Cristo: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados com o peso de vosso fardo, e Eu vos aliviareis; pois o meu fardo é leve, o meu jugo é suave”

Letras gregas gravadas: não é uma cruz latina, mas oriental. Como as letras gregas, esta escolha de forma deliberada manifesta a unidade da Igreja que foi tão desejada por São Francisco de Sales e simboliza o conceito de união de Cristo com a Sua Igreja, a nossa vida em união com Deus através do Diretório, regra espiritual dos Salesianos. A cruz vazia no rito oriental é um símbolo da vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, é o Cristo Ressuscitado a quem seguimos.

 

    A frente da cruz:

O IHS - O monograma de Jesus em grego (transcrição do nome abreviado de Jesus em grego, Ιησούς - em maiúsculas, ΙΗΣΟΥΣ) nos lembra que Ele é nosso Salvador e que somos chamados a ser "outros Cristos", para reproduzir sua vida na terra e manifestar o amor de Deus para todos; fazemos isso através de sofrimento e morte para nós mesmos.

As GOSTAS DE SANGUE simbolizam o ardor de caridade que anima nossas vidas; elas recordam as línguas de fogo que desceram sobre a Igreja no Pentecostes. Simbolizam o Espírito Santo e a fidelidade daqueles que deram a vida pelo Evangelho.

Os TRÊS CRAVOS gotejando sangue simbolizam os três votos de pobreza, castidade e obediência que nos unem a Cristo, assim como os cravos o prenderam na cruz. As gotas de sangue nos dizem que nossa vida consagrada é uma contínua mortificação, sacrifício e aquiescência (abertura, docilidade) à vontade de Deus, e também que devemos estar prontos para morrer por Cristo, sendo fiéis "até ao derramamento do nosso sangue".

O MONTE na parte inferior da cruz representa o Monte Sinai, a montanha da Antiga Lei. Está na base da cruz porque representa duas coisas: (1) com a criação começou toda a história da salvação, que culminou com a ressurreição de Cristo (a cruz vazia do desenho grego e uma das coroas) e que se perpetua, alcançando a todos na Igreja através da obra do Espírito (as duas chamas nas transversais mostram o amor de Deus que tudo abraça), e (2) os nossos votos que são a nossa aliança com Deus e que formam a base da nossa vida Consagrada.

O monte está grafado em três partes para lembrar os três votos.
Uma segunda interpretação dos três montes em que Jesus esteve: Monte Tabor  -recebo as Graças; Monte das Oliveiras - é a planície do cotidiano morrer para si mesmo; e o Monte Calvário – entregar-se à vontade do Pai. Uma terceira interpretação menciona as montanhas de Annecy, berço da Visitação.

Os RAMOS DE OLIVEIRA - símbolo da paz e da misericórdia de Deus na antiga Lei, está acima da montanha para nos dizer que, a partir de fidelidade aos nossos votos, conquistamos a paz.

Toda a TRINDADE é representada na parte frontal da cruz: a grande obra de amor que o Espírito Santo manifestou em Pentecostes; a obra redentora do Filho simbolizada pela cruz e a obra da criação do Pai e de Seu domínio no Antigo Testamento simbolizada pela montanha e pelo ramo de oliveira.

 

O verso da cruz

As letras“M-A” - Existem duas explicações para o significado de "M-A". As letras "MRA" estavam gravadas na cruz peitoral de São Francisco de Sales (uma abreviação de Maria). O "R" é  substituído  pelo  coração em seu lugar. Assim, o "M - A" é uma abreviatura do nome de Maria, Mãe de Jesus.

M-A também são uma abreviação de “Mons Amoris”, o monte de amor, que é o Calvário. Neste Mons Amoris, o Coração de Jesus foi aberto pela lança e Seu amor foi derramado sobre o mundo, portanto, o coração é ladeado pelas letras M e A.

O CORAÇÃO com duas cruzes acima: uma fonte afirma que não é nem o coração de Maria, nem o Sagrado Coração, mas é claramente aquele que ama e tem sofrido. O coração de quem leva a cruz, com a flecha do amor a Deus e do amor ao próximo.

As TRÊS CHAMAS simbolizam as virtudes teologais da fé, esperança e caridade que nos ligam diretamente a Deus.

Assim São Francisco de Sales apresenta uma Teologia de Amor na Cruz de profissão; e cada manhã, o colocar a cruz deve ser uma expressão de DISPONIBILIDADE  para viver no  amor unido a Cristo.

Texto de pesquisa: Padre Paulo Strey - OSFS.  Atualização: Padre Nildo de Mello - OSFS




Com a Benção dos Padroeiros,

Iria Urnau - IS SFS

domingo, 13 de setembro de 2020

Procedimentos para concluir os exercícios

 Livro   Filoteia  - Passo 10


No décimo passo conclui-se com um roteiro dessa reflexão, e com sentimento de gratidão e de responsabilidade em viver a constante busca  da Santidade.

 Antes de tudo, você, de manhã, vai se prostrar diante da face de Deus e adorá-lo das profundezas da sua alma; depois vai dirigir os  seus pensamentos para ele e contemplar a sua eterna vontade, que ele quer ser amado por você, e através do amor, ser unido com o seu coração. Por isso você vai elevar o seu coração para esta sublima bondade, e colocar-se nos braços amorosos desta santa vontade. Você vai unir o seu coração, com toda a força, através desta ou parecidas afirmações: “Sim, meu Deus, minha alma se sujeita a tua vontade, e quer para sempre, inseparavelmente estar unida com a tua intenção e sujeita a ela.” A renovação que se faz deve ser pronunciada muitas vezes, com coração e com os lábios estas ardentes palavras

 “Ó Jesus que vive em mim, tudo o que posso chamar de meu, lhe pertence.”  “ Ah! Senhor, é vossa bondade paternal que acolhe meu coração, por pior que seja, para trazer frutos dignos de vós, a quem  eu devo tudo isso”.

“Pratica, pois, animosamente estes exercícios assim como os deixei apontados e Deus te dará tempo e força bastante para os teus negócios, mesmo que fosse necessário fazer parar o sol, como aconteceu a Josué. Sempre fazemos muito, quando Deus trabalha conosco”.(SFS pg 446)

Podemos, por meio das Sagradas Escrituras encontrar Deus e escutá-lo, mas não podemos deixar de lado esse tesouro: precisamos transformar a Palavra de Deus em “carne” na nossa vida. Por meio da oração, buscamos realizar o pedido de Jesus: “Sede perfeitos como o pai Celestial é perfeito.” (Mt 5,48).

Através da obra da Redenção de Jesus se concretiza em nossas vidas a perfeição da vida cristã que consta na união – harmonia – da nossa vontade com a vontade de nosso Bom Deus, que é a mais alta regra e a lei de todas as atividades. Um silêncio que não seja uma forma de isolamento, mas um “discernimento orante” que se predisponha a escutar “o Senhor, os outros e a própria realidade. Portanto, é bom ter um roteiro de exercícios práticos bem organizado, também ter um orientador ou confessor espiritual “A fé é o raio do céu que nos faz ver Deus em todas as coisas e todas as coisas em Deus.” Sfs

  Passeando por esses dez passos da Espiritualidade Salesiana, você que leu e gostou, e te ajudou, deixa teu recado no espaço dos comentários logo abaixo.

Cordialmente,

Iria – IS SFS

domingo, 6 de setembro de 2020

As considerações para renovar os bons propósitos

Livro da Filoteia - 9° passo.

 

Após um longa reflexão pela  via do exame de consciência, São Francisco de Sales propõe  cinco considerações para caminhar  cultivando os bons propósitos, no progresso da espiritualidade: “Empreguemos bem o tempo de Deus a fim de que ele nos dê sua eternidade.” sfs

Primeira Consideração: “a grandeza da alma” - a sua capacidade e liberdade de amar e buscar viver o que eleva ao infinito, ou também não enterrar os talentos e dar as costas à missão do reino, que Deus nos criou com amor eterno. “Deus não quer que ele ache repouso em parte alguma, como a pomba que saiu da arca de Noé, para que volte a seu Deus de quem se tem afastado.”

Segunda Consideração: o Sabor no viver das virtudes, que trazem uma realização em sua prática da caridade. O contraponto é a cólera e tristeza e o sabor disso é a amargura. “Ó vida  devota, quão bela  és tu e quão suave e agradável, suaviza as aflições e aumentas a suavidade  das consolações”.

A alegria interior é o resultado de uma profunda sintonia da criatura com seu Criador. É uma alegria que mesmo nas dificuldades permanece e nos dá paz e confiança no futuro. Como dizia Paulo: “Nos gloriamos [inclusive] nas tribulações sabendo que a esperança em Deus não é defraudada”. (Rom. 5, 3)

Terceira Consideração:  O exemplo da vida dos Santos - “Amaram  devotamente Deus com perfeição -  e com força  de espírito desprezaram as coisas do mundo [...]  Abraçaram sem reserva as suas resoluções e as mantiveram sem exceção [...] Os Santos eram o que nós somos, faziam tudo pelo  mesmo Deus e trabalharam  por adquirir  as mesmas virtudes”.(SFS)

Quarta Consideração: O amor de Jesus Cristo - O segredo da ação de Jesus é criar as disposições interiores adequadas para Ele poder atuar.  E o segredo das disposições interiores são algumas pequenas escolhas que faço. “Ó santas resoluções, quão preciosas sois, sendo o fruto da paixão de Nosso Senhor!” (SFS)

Quinta Consideração: Considera o amor eterno que Deus tem tido por nós. Antes da encarnação e da morte da  Jesus Cristo a Majestade divina te amava infinitamente e te predestinava para seu amor. [...] Ó Deus, quão preciosas devem ser essas resoluções que desde toda eternidade a divina Sabedoria e bondade tinha em vista!

“Olhai as aves do céu:

não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros;

contudo, o Pai celestial as alimenta.

Não têm vocês muito mais valor do que elas?

(Mateus 6,26 )

São louváveis as resoluções, “como uma árvore  de vida que Deus plantou no meio do nosso coração, e que nosso Senhor veio regar com seu sangue,  para que produza frutos” . (pg 442) A santidade depende de nós, é questão de perseverança, de humildade e de confiança absoluta em Deus. E o uso frequente dos sacramentos, as boas obras, o cuidado de reconhecer  as faltas  e corrigi-las. Pede a Deus que te renove interiormente e te conserve assim pelo poder de seu espirito. Essa prática possibilita o crescimento na amizade com Deus.

Até a próxima.

   Iria

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

A necessidade do exercício para renovar e conservar a alma na vida devota.


“É tão grande o bem que espero,

 que a dor com prazer tolero.” SFS

Já estamos na oitava reflexão na trilha do caminho da Santidade ensinado no livro da Filoteia. Começamos conhecendo o livro, vários capítulos da vida de oração e meditação, a vida devota, a purificação da Alma. Os primeiros oitos capítulos. Da V Parte, hoje refletimos a jornada da vida interior de nós mesmos, sob vários aspectos de exames: positivos e negativos, limites e qualidades, autoconhecimento e exames para a confissão.

a)          “O primeiro ponto deste exercício   consiste em reconhecer bem a sua importância. A fragilidade e as más inclinações da carne que agravam a alma e arrastam para as coisas da terra... Eis aí a razão, Filoteia, por que deves renovar assiduamente os bons propósitos de servir a Deus ...” (pg 419)

b)                       Olhar o dia: ver a presença de Deus dentro de mim, ao redor. Que foi bom? Que sentido encheu meu coração? Com que intenções eu fiz as coisas? Onde e quando  renovei  as intenções?  Como vivi as virtudes? etc. “Nunca perca uma oportunidade de fazer o bem.” Sfs

c)                      Estado da alma - Dialogar consigo mesmo: que amor cultivo? Que penso de mim mesma perante Deus? Como está o meu amor próprio?  Caprichos com os sentimentos, emoções, saber escolher a liberdade interior, equilibrar as ofensas, mágoas e ressentimentos, o bem conviver. “E quanto à tua linguagem, como é que falas de Deus?”(Pg 428)  “Para mudar o mundo devemos primeiro mudar a nós mesmos.” Sfs

d)                       O amor ao próximo: Encontrei Deus no irmão hoje? Que pensamentos me ocuparam? Com quais palavras e ações ocupei o meu tempo?  Quanto tempo usei para auxiliar os necessitados? Qual foi a ofensa recebida? E como foi o perdão oferecido? O que mais me deixou tranquilo? “Pega-se mais moscas com uma gota de mel do que com um barril de vinagre.” sfs

e)                       A gratidão:  Sei reconhecer o bem em mim e nos outros, valorizar os talentos dos outros e suas atitudes no trabalho, nos serviços  de ajuda? Sei perceber e agradecer a ação de Deus no meu viver e agir? As superações e a busca de uma vida espiritual, é preciso oferecer e entregar tudo a Deus. “Que dizes a teu coração a respeito de Jesus Cristo? Achas nele prazer?  As abelhas gostam de estar ao redor do seu mel...” (Pg 428)

f)                       Os temores e paixões: Descobrir as verdades sobre si mesmo, o apego às coisas terrenas e às relações fraternas e humanas, o egoísmo e a indiferença... "A caridade verdadeira não considera nada inútil nem difícil no caminho a próximo.” sfs


A Confissão: São Francisco Sales  nos aconselha uma retrospectiva da nossa vida após as meditações. No Cap XIX, Primeira Parte, ele diz: “Uma confissão geral, Filoteia , nossos pecados  forçosamente nos desagradarão muitíssimo,  porque são ofensas a Deus, ao contrário  a confissão de nossos pecados se tornará suave e consoladora, pela honra que,  com isso, damos a Deus.” ( pag 86)

 

Como é importante! perceber aos detalhes e a importância do “exame de consciência” antes de realizar uma confissão. Também trazer em mente de sempre “pôr-se na presença de Deus e pedir ao Espírito Santo sua luz. Em cada uma das partes do exame hás de notar bem as faltas, quer para as confessar, quer para pedir conselho, ou para formar sobres elas  a tuas resoluções e fortificar teu espírito”. SFS

"Digo, pois:  deixai-vos conduzir pelo Espírito e não satisfareis os apetites da carne. Porque os desejos da carne se opõem aos do Espírito, e estes aos da carne; pois são contrários uns aos outros. É por isso que não fazeis o que queríeis. Se, porém, vos deixais guiar pelo Espírito, não estais sob a Lei. Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus. Ao contrário, o fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Contra estas coisas não há Lei. Pois, os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne com as paixões e concupiscências. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito.”   (Gl 5, 16-25)

Na próxima refletiremos sobre os passos das considerações.

Iria Urnau